A Minha Missão Poética: Recuperar os Pedaços Perdidos

Desde o meu nascimento em Waku Kungo, a minha vida tem sido uma jornada marcada por desafios, descobertas e transformações. Angola, com seu solo rico e cultura vibrante, foi o berço que me deu raízes profundas, mesmo enquanto os ventos da guerra sopravam com intensidade. Ao longo do caminho, carreguei comigo memórias fragmentadas, como folhas ao vento, esperando pelo momento de serem reunidas e transformadas em algo maior. Através da poesia, busco recuperar esses pedaços, dar-lhes nova vida e reconstituir a história que, embora marcada por perdas, é repleta de resiliência e esperança. Esta é a minha missão: cantar o que foi deixado para trás, na esperança de que, ao fazê-lo, eu possa encontrar o que sempre esteve dentro de mim.

Nos campos de Angola, o som do vento clama,
Memórias dispersas pelo tempo a vagar,
Desde Waku Kungo, onde o sol vem brilhar,
Trazendo em seu ventre a dor que não se chama.

As vozes distantes de um tempo que inflama,
Perdidas na bruma, tentam se encontrar,
Nas páginas da vida, onde o olhar, ao buscar,
Encontra os pedaços que o destino trama.

O meu coração, com saudades do chão,
Recolhe em versos, com carinho e emoção,
As raízes de um lar que nunca esqueci.

E assim, a missão da minha poesia,
É unir os fragmentos que a vida partia,
Renascer em palavras o que sempre vivi.



Através deste soneto, procuro não apenas resgatar as memórias de uma vida marcada pela migração e pelo afastamento da terra natal, mas também honrar as experiências que moldaram minha identidade. A poesia é o fio que conecta o passado ao presente, permitindo que as histórias de Angola e as minhas próprias sejam contadas de novo, em cada verso. Assim, renovo meu compromisso de seguir em frente, sempre em busca dos pedaços que me tornam completo.