Amor, mais que Palavra, é Gesto

O amor, em sua essência mais pura, transcende as palavras. Ele é ação, gesto, presença. No estilo dos versos camonianos, dois sonetos abaixo celebram a grandeza do amor, enaltecendo sua manifestação no silêncio das atitudes e na imensidão do doar-se.

Soneto I – O Amor em Gestos Revelado

No gesto mudo, a alma se traduz,

Por entre atos o amor se manifesta,

Não é na voz que o sentimento atesta,

Mas no amparo que ao coração conduz.

Cuidar constante, sem buscar a luz,

Entregar-se ao outro sem proposta lesta,

Ali se encontra a dádiva mais honesta,

Na vida simples que ao amor reluz.

Não basta o dito, o verbo a ecoar,

Se as mãos não seguem, firmes, no caminho,

Ao ato puro que faz o amor brotar.

O amor transcende o som, é pergaminho,

Que guarda a história em cada olhar,

Em cada toque que traduz carinho.

Soneto II – O Amor que Vive em Ações

Não vive o amor na promessa vazia,

Nem no jurar que aos ventos se desfez,

Mas no servir que ao próximo se vê,

No dar sem conta, a cada novo dia.

É mais no ato que a verdade cria,

Na mão estendida, no abraço cortês,

Que o peito sente o que a vida fez,

E a alma cresce na quieta harmonia.

Assim se dá ao outro o coração,

Em cada gesto, eterno e singular,

Que a fala falha em sua dimensão.

É o amor que ao céu vem espelhar,

No dom humilde da pura ação,

Que ao mundo ensina o verbo: amar.