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Entre a Mentira e a Luz

há 21 horas

2 min de leitura

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Epígrafe

“A verdade pode dormir num poço, mas nunca se afoga no silêncio.”

— Mákalé


A Busca do Retorno da Verdade

(Soneto camoniano com voz de Mákalé)


Nas sombras que a mentira fez crescer,

Onde a luz se escondeu por entre o engano,

Sofre o bom coração, calado, humano,

Ansiando a alvorada por nascer.


Do véu da treva o sol se escondeu,

Vencido pelo engano tão dourado;

Mas rompe a luz no céu Iluminado,

Se a voz do povo em clamor se ergueu.


Oh, face nua! Cai-te o vão disfarce!

A justiça não pesa, se é tendida

Para a balança ser de cor e cena.


Antes se curve à luz que não esparce

Ódio ou temor, mas honra repartida,

Que em cada peito a verdade envena.


Comentário Reflexivo

Num protesto marcado pela urgência moral de um povo cansado de meias verdades, deparei-me com um cartaz onde se lia, em inglês imperfeito, “Make Lying Wrong Again.” Naquele instante, senti o impulso de responder com aquilo que sempre me serviu de arma e escudo: o verso.

Assim nasceu este soneto, à maneira dos Lusíadas, ecoando não só a tradição de Camões, mas também a minha própria herança — a voz do meu avô João Salvador, vindo da Terceira, o espírito firme do meu pai João Chaves da Bezelga, e a disciplina formal dos mestres que me moldaram em português clássico.

Esta composição ergue-se como um apelo: que a justiça se liberte da neutralidade inerte e incline-se, sim, para a verdade. Pois uma balança que ignora o peso do real não pesa — mascara.


Ilustração

A imagem que acompanha esta secção retrata a Verdade a emergir de um poço antigo, os pés cercados por máscaras partidas, sob um céu que se abre ao alvorecer. Ao lado, repousam as balanças da justiça, não cegas — mas despertas.



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