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O Boné Tweed Tecido de Lã da Cela

13 de dez de 2024

2 min de leitura

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O Miro nasceu sob o céu amplo de Santa Comba, Cela, um pedaço de Angola onde as raízes portuguesas entrelaçavam-se com a terra vermelha e o calor africano. O boné de tweed, tecido de lã nas fábricas hábeis de Portugal, foi um presente de despedida de sua avó quando, ainda jovem, partiu em busca de novos horizontes.


Os anos o levaram longe, até a costa oeste da América, onde ele construiu uma vida entre as brumas do oceano e os vinhedos que lhe lembravam os de casa. O boné, já desbotado pelo sol e pelo sal, era uma ponte para o passado, um pedaço tangível da sua identidade luso-angolana.


Em 2009, quando Miro finalmente retornou, a cidade de sua infância havia mudado de nome para Waku Kungo, mas os contornos da paisagem continuavam os mesmos. As memórias inundaram-no, cada passo despertando histórias adormecidas. O boné, agora mais do que um acessório, era um companheiro silencioso que guardava em cada fibra as viagens e as vidas que Miro tinha vivido.


Enquanto andava pelas ruas de Waku Kungo, Miro compartilhava histórias com velhos amigos e novos rostos, falando de um mundo distante, mas também ouvindo, absorvendo as mudanças que a terra havia visto. Eles, por sua vez, viam nele a imagem de quem não esquece suas origens, apesar de traçar seu caminho por terras distantes.


De volta à costa oeste, onde as ondas quebravam com a mesma cadência das ondas de sua terra natal, Miro sabia que o boné de tweed era mais do que uma herança — era um emblema da sua jornada, da fusão das culturas que formavam o tecido da sua vida. Ele era, de fato, um filho de dois mundos, unidos sob o manto da sua existência.


Poema


Na vastidão da Cela, sob o céu a brilhar,

Miro viu nascer seu sonho, o mundo a chamar.

Entre teias de memórias, e o boné a entrelaçar,

De Angola a Portugal, a vida a se cruzar.


No boné, o toque da avó, presença a abraçar,

À América partiu, seu destino a desvendar.

O sol a desbotar, o mar a sussurrar,

Na trama desse boné, histórias a guardar.


Em Waku Kungo, o passado a retornar,

Nas ruas, os ecos de um tempo a se encontrar.

Com amigos, a partilhar, o boné a testemunhar,

Nas histórias de Miro, o mundo a se espelhar.


De volta ao oeste, onde sonhos se encontram no mar,

O boné, mais que herança, um legado a perpetuar.

Miro, entre mundos, a ponte a se tornar,

Na fusão de culturas, sua vida a celebrar.





13 de dez de 2024

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