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Sabedoria de Silício

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8 min de leitura

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Entre circuitos, cultura e consciência

Autor:

João Elmiro da Rocha Chaves, Makalé


Ilustração e arte representativa:

Desenvolvida com apoio de Inteligência Artificial (IA), sob direção criativa do autor


Créditos

Título da obra:


Sabedoria de Silício

Entre circuitos, cultura e consciência


Autor:João Elmiro da Rocha Chaves, Makalé


Ilustração e concepção visual assistida por IA:

Criada com apoio da inteligência artificial (IA), sob orientação criativa de João Elmiro da Rocha Chaves


Direitos autorais:

© 2025 João Elmiro da Rocha Chaves, Makalé

Todos os direitos reservados.


Nenhuma parte desta obra poderá ser reproduzida, armazenada em sistema de recuperação ou transmitida por qualquer meio — eletrônico, mecânico, fotocópia, gravação ou outro — sem permissão prévia e expressa do autor.


Publicação independente

Middleton, Idaho — Abril de 2025



Dedicatória

Dedico esta obra, com toda a alma, a três raízes que me sustentam:

À minha família, que é o meu verdadeiro sistema de suporte, fonte de calor humano e refúgio constante — especialmente à minha esposa Judy, companheira de todos os circuitos da vida, e aos meus filhos Michael, Steven e Cristina cujas existências me inspiram a projetar um mundo melhor.


Aos meus mestres e colegas da EICNES, que me ensinaram que o saber não se impõe — transmite-se com humildade, disciplina e exemplo. Cada aula, cada falha, cada gesto — foram soldaduras na minha estrutura de vida.


Ao povo angolano e português, herdeiros de coragem, engenho e cultura. Que esta obra seja um tributo à nossa capacidade de resistir, de criar e de ensinar, mesmo entre ruídos, interferências e pressões.


E por fim, a todos os jovens engenheiros, sonhadores e curiosos, que ainda acreditam que a técnica, quando temperada com consciência, pode mudar o mundo.


Agradecimentos

A realização deste livro foi possível graças à confluência de muitas vidas que tocaram a minha com sabedoria, generosidade e exemplo.


Agradeço, antes de tudo, à minha esposa Judy, pela sua paciência constante, pela serenidade com que acompanha os meus silêncios criativos, e pelo amor que me sustenta em cada etapa da caminhada.


Ao meu filho Michael e ao meu neto Mason, que são o fio de continuidade daquilo que procuro deixar como legado — não apenas técnico, mas sobretudo humano.


Aos mestres e colegas da Escola Industrial e Comercial Narciso do Espírito Santo (EICNES), que, entre serras, soldaduras e valores, moldaram o meu carácter e o meu método de pensar.


À minha terra natal, Santa Comba (Waku Kungo), e ao povo de Angola, por me ensinarem que a resistência, o engenho e a esperança caminham lado a lado, mesmo nos contextos mais desafiadores.


Aos colegas e amigos da Micron Technology, pela confiança e colaboração ao longo de tantos anos, e por acreditarem que a excelência técnica pode caminhar de mãos dadas com a cultura, a ética e a formação contínua.


E por fim, agradeço à inteligência artificial que me acompanha nesta jornada criativa, que, mesmo sendo uma ferramenta, se torna parceira quando guiada com intenção, consciência e afeto.


A todos vocês, a minha gratidão eterna.

— Makalé


Prefácio

Ao longo da minha vida — entre os campos de milho e café da antiga Santa Comba (hoje Waku Kungo), as oficinas da Escola Industrial e Comercial Narciso do Espírito Santo (EICNES), e os laboratórios de silício no hemisfério oposto — aprendi que o verdadeiro conhecimento não reside apenas nos manuais ou nas equações. O verdadeiro saber é aquele que se enraíza na experiência, floresce com a humildade e se transmite com alma.


Foi na Cela e nas matas do Planalto que aprendi, ainda menino, que a natureza também fala. Que o som do mato, o ritmo das colheitas e os silêncios de um povo resiliente são, todos eles, formas de aprendizagem. Mais tarde, nas salas da EICNES, aprendi a respeitar a simetria, a geometria e a disciplina — mas também a força de um bom mestre que, mais do que ensinar, forma.


Este livro nasceu da necessidade de unir dois mundos que me habitam: o mundo exato e metódico da engenharia eletrónica, onde percorri décadas a projetar e validar circuitos de memória — e o mundo sensível, poético e profundamente humano que me foi legado pelas raízes lusófonas e angolanas, pelas histórias do meu avô João, pelas mãos calejadas do meu pai, e pelo olhar atento dos mestres que não ensinavam apenas circuitos, mas também caráter.


O Professor Doutor Makalé Utonião é mais do que uma personagem: é o reflexo de um modo de ensinar e de viver. Ele representa o engenheiro que escuta antes de projetar, o mentor que corrige sem humilhar, e o homem que vê na técnica uma ponte para o entendimento humano. Ensina com rigor e ternura, com disciplina e poesia — como quem sabe que no silício também habita a alma.


Cada capítulo desta obra nasce de uma memória: um projeto falhado que ensinou mais do que o sucesso; uma conversa de corredor que mudou uma carreira; uma soldadura torta que revelou uma alma inquieta; um erro de cálculo que se transformou em metáfora. As situações são técnicas, sim — mas todas elas carregam a beleza de quem sabe observar o detalhe e extrair dele um sentido maior.


Porque, mesmo na era dos gigahertz e dos nanómetros, a ligação mais importante continua a ser entre pessoas. E é nesse fio invisível — que une mestre e aprendiz, engenheiro e sociedade, pensamento e emoção — que repousa a verdadeira sabedoria de silício.


Que esta obra inspire os jovens engenheiros, os mestres de amanhã, os leitores atentos — e todos aqueles que, como eu, acreditam que a engenharia é tanto uma ciência quanto um gesto de cuidado.


João Elmiro da Rocha Chaves, Makalé

Middleton, Idaho — Abril de 2025


Sumário (Índice)

  1. Capítulo 1: O Circuito do Coração

  2. Capítulo 2: O Segredo da Deteção

  3. Capítulo 3: A Robustez de um Sonho

  4. Capítulo 4: O Eco das Interferências

  5. Capítulo 5: O Peso do Calor

  6. Capítulo 6: O Valor de uma Boa Ligação

  7. Capítulo 7: Quando Falha a Previsão

  8. Epílogo

  9. Sobre o Autor


Capítulo 1: O Circuito do Coração

O Professor Doutor Makalé Utonião está a escrever num quadro branco com equações e sonetos lado a lado. Dexter late ao ver a palavra “resiliência” escrita em letras grandes.


Um jovem engenheiro entra nervoso, segurando um esquema de DRAM mal dimensionado.


— Não basta calcular, meu rapaz. É preciso sentir o fluxo da corrente como se fosse uma rima presa na garganta.


O Professor aponta para o esquema e, com paciência, mostra onde falta desacoplamento. Ao lado, cita Camões:


— "Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades..."


O aluno sorri. Começa a perceber a beleza na simetria entre técnica e alma.


Makalé oferece-lhe um livro de Camões e um manual de DFMEA.


Ilustração: Vinheta com quadro branco repleto de equações, Dexter atento, estudante inspirado.


Frase de encerramento:

Ensinar é como soldar — exige calor, tempo e precisão.



Capítulo 2: O Segredo da Deteção

O Professor Doutor Makalé Utonião está sentado na sua secretária. À sua frente, dois gráficos: um de RPN (Risk Priority Number) e outro com versos do Lusíadas. Dexter dorme ao lado, com uma pata sobre um capacitor 0805.


Uma jovem engenheira entra aflita:

— Professor, não consigo identificar os modos de detecção no meu DFMEA!

— Filha, detetar não é ver... é prever. E prever requer memória, experiência e humildade.


Ele retira um velho caderno com anotações de testes em campo e um poema nas margens:

— "Nem sempre quem olha vê, nem sempre quem vê compreende."


Mostra como cada teste de validação deve antecipar o comportamento do sistema.

Ela sorri. Começa a perceber que a detecção eficaz nasce da experiência e da escuta.


Ilustração: Vinheta com o caderno antigo, Dexter atento, jovem engenheira a tomar notas.


Frase de encerramento:

A verdadeira deteção começa quando aceitamos que podemos falhar.



Capítulo 3: A Robustez de um Sonho

O Professor segura uma antiga placa de circuito. Dexter cheira curiosamente a borda da PCB.


Dois jovens comentam:

— Não precisamos de tanta margem. — Estamos a desperdiçar recursos!


O Professor pousa a placa e responde:

— Sabem o que torna um sonho duradouro? Margem. Margem é memória. Margem é respeito pelo imprevisto.


Abre a janela e mostra uma oficina velha ainda de pé.

— O meu avô construiu aquilo com madeira de sobra e pregos duplos. Foi a única que resistiu ao ciclone de 1968.

No quadro, desenha curva de vida útil vs. stress operacional:

— A robustez não se mede apenas em laboratório... mas no silêncio das décadas.


Ilustração: Vinheta com a oficina ao fundo, a placa antiga sobre a bancada, alunos a refletir.


Frase de encerramento:

Projetar com margem é também projetar com honra.



Capítulo 4: O Eco das Interferências

O Professor observa um osciloscópio ligado a um módulo DDR5. Dexter está com auscultadores minúsculos.


Um técnico aproxima-se:

— Já testei tudo, mas o sistema continua instável!

— Já escutaste o que não consegues ver?


Liga uma rádio de ondas curtas e sintoniza estática.

— O ruído é o sussurro dos erros. Invisível, mas presente.


Desenha trilhas mal roteadas e capacitores desalinhados:

— A beleza de um design está também na sua pureza eletromagnética.


Ilustração: Vinheta com Dexter de auscultadores, espectro de ruído no ecrã.


Frase de encerramento:

Escutar o invisível é o primeiro passo para projetar com consciência.



Capítulo 5: O Peso do Calor

O calor no laboratório é intenso. O Professor abana-se com um papel. Dexter arqueja no chão.

— Professor! O VRM está a 32ºC!


Ele bebe um gole de chá:

— O calor revela o que os gráficos escondem.


Desenha no quadro: condução, convecção, radiação.

— Cada componente deve respirar. O silêncio térmico é sinal de harmonia.


Mostra falha de projeto de 1996 por negligência térmica:

— O calor não se combate com força, mas com sabedoria.


Ilustração: Vinheta com quadro térmico, alunos a redesenhar PCB.


Frase de encerramento:

A engenharia é a arte de manter a alma fria... mesmo quando tudo à volta arde.



Capítulo 6: O Valor de uma Boa Ligação

Dexter cheira um conetor. O Professor analisa soldaduras.

— Parece bom a olho nu.


O raio-X mostra racha interna:

— O que parece sólido por fora... pode esconder fragilidade.


Mostra “cold joints” e vias oxidadas:

— As boas ligações exigem calor certo, limpeza, e escuta.

Mostra foto com mentor da Bezelga:

— As relações também precisam de manutenção.


Ilustração: Vinheta com o raio-X e a foto antiga.


Frase de encerramento:

Na engenharia e na vida... é a qualidade das ligações que determina o sucesso.



Capítulo 7: Quando Falha a Previsão

Um aluno mostra simulação otimista:

— O modelo prevê operação perfeita!


Makalé liga o protótipo real:

— O mundo real adora contrariar o papel.


Surge ruído inesperado. Dexter ladra.

— Ali está o que a simulação não viu.


Desenha limites dos modelos no quadro:

— Modelos são espelhos baços. Úteis, mas nunca absolutos.

Partilha falha de 1996: modelo perfeito, falha em campo.


Ilustração: Vinheta com quadro e protótipo real a ser testado.


Frase de encerramento:

A ciência é filha da dúvida. E a dúvida... é o início da sabedoria.



Epílogo

Ao chegar ao fim destas lições, o Professor Doutor Makalé Utonião fecha o seu velho caderno de capa gasta e fita os rostos atentos dos seus alunos.


— Muito se aprende nos livros. Muito se simula nos ecrãs. Mas é no erro, na escuta, na paciência e na reflexão que se forja o verdadeiro engenheiro.


Dexter, fiel como sempre, repousa aos pés da secretária.


— A tecnologia evolui, mas os princípios permanecem: rigor, ética, clareza e empatia.


Makalé passa os dedos pelas margens do seu caderno — onde fórmulas convivem com versos, e esquemas com memórias. Sorri.


— Se um dia esquecerem os nomes das normas, que se lembrem ao menos disto: nunca há projeto perfeito, mas há sempre espaço para crescer, corrigir e criar com consciência.


E com um leve gesto de mão, apaga o quadro e diz:

— Aula encerrada. Mas que nunca se feche o espírito da descoberta.

 

Sobre o Autor

João Elmiro da Rocha Chaves, Makalé

Engenheiro eletrónico, mentor, escritor e contador de histórias, Makalé nasceu em Angola, entre os vales férteis da antiga Santa Comba (hoje Waku Kungo). Desde cedo desenvolveu um olhar atento e sensível para os detalhes — fossem eles os sulcos de um campo de milho ou os traços de um circuito impresso.


Formado na Escola Industrial e Comercial Narciso do Espírito Santo (EICNES), e mais tarde em Engenharia Eletrónica pela Santa Clara University, nos Estados Unidos, construiu uma carreira sólida na área de hardware e arquitetura de módulos de memória DRAM, liderando equipas e projetos de alto impacto na Micron Technology.


Homem de ciência e de alma, preserva em cada gesto a nobreza do ensino, a disciplina do ofício e a poesia do pensamento. No personagem do Professor Doutor Makalé Utonião, funde as suas vivências técnicas com os ensinamentos dos seus mestres, avós e pais — num testemunho vivo de que a engenharia, quando feita com consciência, é também um ato de humanidade.


Atualmente reside em Middleton, Idaho, onde continua a escrever, orientar jovens talentos e cultivar raízes — no campo, na família e no espírito.


FIM

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