Explorando a Rica Cultura de Angola e Portugal

Entre circuitos, cultura e consciência
Autor:
João Elmiro da Rocha Chaves, Makalé
Ilustração e arte representativa:
Desenvolvida com apoio de Inteligência Artificial (IA), sob direção criativa do autor
Créditos
Título da obra:
Sabedoria de Silício
Entre circuitos, cultura e consciência
Autor:João Elmiro da Rocha Chaves, Makalé
Ilustração e concepção visual assistida por IA:
Criada com apoio da inteligência artificial (IA), sob orientação criativa de João Elmiro da Rocha Chaves
Direitos autorais:
© 2025 João Elmiro da Rocha Chaves, Makalé
Todos os direitos reservados.
Nenhuma parte desta obra poderá ser reproduzida, armazenada em sistema de recuperação ou transmitida por qualquer meio — eletrônico, mecânico, fotocópia, gravação ou outro — sem permissão prévia e expressa do autor.
Publicação independente
Middleton, Idaho — Abril de 2025

Dedicatória
Dedico esta obra, com toda a alma, a três raízes que me sustentam:
À minha família, que é o meu verdadeiro sistema de suporte, fonte de calor humano e refúgio constante — especialmente à minha esposa Judy, companheira de todos os circuitos da vida, e aos meus filhos Michael, Steven e Cristina cujas existências me inspiram a projetar um mundo melhor.
Aos meus mestres e colegas da EICNES, que me ensinaram que o saber não se impõe — transmite-se com humildade, disciplina e exemplo. Cada aula, cada falha, cada gesto — foram soldaduras na minha estrutura de vida.
Ao povo angolano e português, herdeiros de coragem, engenho e cultura. Que esta obra seja um tributo à nossa capacidade de resistir, de criar e de ensinar, mesmo entre ruídos, interferências e pressões.
E por fim, a todos os jovens engenheiros, sonhadores e curiosos, que ainda acreditam que a técnica, quando temperada com consciência, pode mudar o mundo.
Agradecimentos
A realização deste livro foi possível graças à confluência de muitas vidas que tocaram a minha com sabedoria, generosidade e exemplo.
Agradeço, antes de tudo, à minha esposa Judy, pela sua paciência constante, pela serenidade com que acompanha os meus silêncios criativos, e pelo amor que me sustenta em cada etapa da caminhada.
Ao meu filho Michael e ao meu neto Mason, que são o fio de continuidade daquilo que procuro deixar como legado — não apenas técnico, mas sobretudo humano.
Aos mestres e colegas da Escola Industrial e Comercial Narciso do Espírito Santo (EICNES), que, entre serras, soldaduras e valores, moldaram o meu carácter e o meu método de pensar.
À minha terra natal, Santa Comba (Waku Kungo), e ao povo de Angola, por me ensinarem que a resistência, o engenho e a esperança caminham lado a lado, mesmo nos contextos mais desafiadores.
Aos colegas e amigos da Micron Technology, pela confiança e colaboração ao longo de tantos anos, e por acreditarem que a excelência técnica pode caminhar de mãos dadas com a cultura, a ética e a formação contínua.
E por fim, agradeço à inteligência artificial que me acompanha nesta jornada criativa, que, mesmo sendo uma ferramenta, se torna parceira quando guiada com intenção, consciência e afeto.
A todos vocês, a minha gratidão eterna.
— Makalé
Prefácio
Ao longo da minha vida — entre os campos de milho e café da antiga Santa Comba (hoje Waku Kungo), as oficinas da Escola Industrial e Comercial Narciso do Espírito Santo (EICNES), e os laboratórios de silício no hemisfério oposto — aprendi que o verdadeiro conhecimento não reside apenas nos manuais ou nas equações. O verdadeiro saber é aquele que se enraíza na experiência, floresce com a humildade e se transmite com alma.
Foi na Cela e nas matas do Planalto que aprendi, ainda menino, que a natureza também fala. Que o som do mato, o ritmo das colheitas e os silêncios de um povo resiliente são, todos eles, formas de aprendizagem. Mais tarde, nas salas da EICNES, aprendi a respeitar a simetria, a geometria e a disciplina — mas também a força de um bom mestre que, mais do que ensinar, forma.
Este livro nasceu da necessidade de unir dois mundos que me habitam: o mundo exato e metódico da engenharia eletrónica, onde percorri décadas a projetar e validar circuitos de memória — e o mundo sensível, poético e profundamente humano que me foi legado pelas raízes lusófonas e angolanas, pelas histórias do meu avô João, pelas mãos calejadas do meu pai, e pelo olhar atento dos mestres que não ensinavam apenas circuitos, mas também caráter.
O Professor Doutor Makalé Utonião é mais do que uma personagem: é o reflexo de um modo de ensinar e de viver. Ele representa o engenheiro que escuta antes de projetar, o mentor que corrige sem humilhar, e o homem que vê na técnica uma ponte para o entendimento humano. Ensina com rigor e ternura, com disciplina e poesia — como quem sabe que no silício também habita a alma.
Cada capítulo desta obra nasce de uma memória: um projeto falhado que ensinou mais do que o sucesso; uma conversa de corredor que mudou uma carreira; uma soldadura torta que revelou uma alma inquieta; um erro de cálculo que se transformou em metáfora. As situações são técnicas, sim — mas todas elas carregam a beleza de quem sabe observar o detalhe e extrair dele um sentido maior.
Porque, mesmo na era dos gigahertz e dos nanómetros, a ligação mais importante continua a ser entre pessoas. E é nesse fio invisível — que une mestre e aprendiz, engenheiro e sociedade, pensamento e emoção — que repousa a verdadeira sabedoria de silício.
Que esta obra inspire os jovens engenheiros, os mestres de amanhã, os leitores atentos — e todos aqueles que, como eu, acreditam que a engenharia é tanto uma ciência quanto um gesto de cuidado.
João Elmiro da Rocha Chaves, Makalé
Middleton, Idaho — Abril de 2025
Sumário (Índice)
Capítulo 1: O Circuito do Coração
Capítulo 2: O Segredo da Deteção
Capítulo 3: A Robustez de um Sonho
Capítulo 4: O Eco das Interferências
Capítulo 5: O Peso do Calor
Capítulo 6: O Valor de uma Boa Ligação
Capítulo 7: Quando Falha a Previsão
Epílogo
Sobre o Autor
Capítulo 1: O Circuito do Coração
O Professor Doutor Makalé Utonião está a escrever num quadro branco com equações e sonetos lado a lado. Dexter late ao ver a palavra “resiliência” escrita em letras grandes.
Um jovem engenheiro entra nervoso, segurando um esquema de DRAM mal dimensionado.
— Não basta calcular, meu rapaz. É preciso sentir o fluxo da corrente como se fosse uma rima presa na garganta.
O Professor aponta para o esquema e, com paciência, mostra onde falta desacoplamento. Ao lado, cita Camões:
— "Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades..."
O aluno sorri. Começa a perceber a beleza na simetria entre técnica e alma.
Makalé oferece-lhe um livro de Camões e um manual de DFMEA.
Ilustração: Vinheta com quadro branco repleto de equações, Dexter atento, estudante inspirado.
Frase de encerramento:
Ensinar é como soldar — exige calor, tempo e precisão.

Capítulo 2: O Segredo da Deteção
O Professor Doutor Makalé Utonião está sentado na sua secretária. À sua frente, dois gráficos: um de RPN (Risk Priority Number) e outro com versos do Lusíadas. Dexter dorme ao lado, com uma pata sobre um capacitor 0805.
Uma jovem engenheira entra aflita:
— Professor, não consigo identificar os modos de detecção no meu DFMEA!
— Filha, detetar não é ver... é prever. E prever requer memória, experiência e humildade.
Ele retira um velho caderno com anotações de testes em campo e um poema nas margens:
— "Nem sempre quem olha vê, nem sempre quem vê compreende."
Mostra como cada teste de validação deve antecipar o comportamento do sistema.
Ela sorri. Começa a perceber que a detecção eficaz nasce da experiência e da escuta.
Ilustração: Vinheta com o caderno antigo, Dexter atento, jovem engenheira a tomar notas.
Frase de encerramento:
A verdadeira deteção começa quando aceitamos que podemos falhar.

Capítulo 3: A Robustez de um Sonho
O Professor segura uma antiga placa de circuito. Dexter cheira curiosamente a borda da PCB.
Dois jovens comentam:
— Não precisamos de tanta margem. — Estamos a desperdiçar recursos!
O Professor pousa a placa e responde:
— Sabem o que torna um sonho duradouro? Margem. Margem é memória. Margem é respeito pelo imprevisto.
Abre a janela e mostra uma oficina velha ainda de pé.
— O meu avô construiu aquilo com madeira de sobra e pregos duplos. Foi a única que resistiu ao ciclone de 1968.
No quadro, desenha curva de vida útil vs. stress operacional:
— A robustez não se mede apenas em laboratório... mas no silêncio das décadas.
Ilustração: Vinheta com a oficina ao fundo, a placa antiga sobre a bancada, alunos a refletir.
Frase de encerramento:
Projetar com margem é também projetar com honra.

Capítulo 4: O Eco das Interferências
O Professor observa um osciloscópio ligado a um módulo DDR5. Dexter está com auscultadores minúsculos.
Um técnico aproxima-se:
— Já testei tudo, mas o sistema continua instável!
— Já escutaste o que não consegues ver?
Liga uma rádio de ondas curtas e sintoniza estática.
— O ruído é o sussurro dos erros. Invisível, mas presente.
Desenha trilhas mal roteadas e capacitores desalinhados:
— A beleza de um design está também na sua pureza eletromagnética.
Ilustração: Vinheta com Dexter de auscultadores, espectro de ruído no ecrã.
Frase de encerramento:
Escutar o invisível é o primeiro passo para projetar com consciência.

Capítulo 5: O Peso do Calor
O calor no laboratório é intenso. O Professor abana-se com um papel. Dexter arqueja no chão.
— Professor! O VRM está a 32ºC!
Ele bebe um gole de chá:
— O calor revela o que os gráficos escondem.
Desenha no quadro: condução, convecção, radiação.
— Cada componente deve respirar. O silêncio térmico é sinal de harmonia.
Mostra falha de projeto de 1996 por negligência térmica:
— O calor não se combate com força, mas com sabedoria.
Ilustração: Vinheta com quadro térmico, alunos a redesenhar PCB.
Frase de encerramento:
A engenharia é a arte de manter a alma fria... mesmo quando tudo à volta arde.

Capítulo 6: O Valor de uma Boa Ligação
Dexter cheira um conetor. O Professor analisa soldaduras.
— Parece bom a olho nu.
O raio-X mostra racha interna:
— O que parece sólido por fora... pode esconder fragilidade.
Mostra “cold joints” e vias oxidadas:
— As boas ligações exigem calor certo, limpeza, e escuta.
Mostra foto com mentor da Bezelga:
— As relações também precisam de manutenção.
Ilustração: Vinheta com o raio-X e a foto antiga.
Frase de encerramento:
Na engenharia e na vida... é a qualidade das ligações que determina o sucesso.

Capítulo 7: Quando Falha a Previsão
Um aluno mostra simulação otimista:
— O modelo prevê operação perfeita!
Makalé liga o protótipo real:
— O mundo real adora contrariar o papel.
Surge ruído inesperado. Dexter ladra.
— Ali está o que a simulação não viu.
Desenha limites dos modelos no quadro:
— Modelos são espelhos baços. Úteis, mas nunca absolutos.
Partilha falha de 1996: modelo perfeito, falha em campo.
Ilustração: Vinheta com quadro e protótipo real a ser testado.
Frase de encerramento:
A ciência é filha da dúvida. E a dúvida... é o início da sabedoria.

Epílogo
Ao chegar ao fim destas lições, o Professor Doutor Makalé Utonião fecha o seu velho caderno de capa gasta e fita os rostos atentos dos seus alunos.
— Muito se aprende nos livros. Muito se simula nos ecrãs. Mas é no erro, na escuta, na paciência e na reflexão que se forja o verdadeiro engenheiro.
Dexter, fiel como sempre, repousa aos pés da secretária.
— A tecnologia evolui, mas os princípios permanecem: rigor, ética, clareza e empatia.
Makalé passa os dedos pelas margens do seu caderno — onde fórmulas convivem com versos, e esquemas com memórias. Sorri.
— Se um dia esquecerem os nomes das normas, que se lembrem ao menos disto: nunca há projeto perfeito, mas há sempre espaço para crescer, corrigir e criar com consciência.
E com um leve gesto de mão, apaga o quadro e diz:
— Aula encerrada. Mas que nunca se feche o espírito da descoberta.
Sobre o Autor
João Elmiro da Rocha Chaves, Makalé
Engenheiro eletrónico, mentor, escritor e contador de histórias, Makalé nasceu em Angola, entre os vales férteis da antiga Santa Comba (hoje Waku Kungo). Desde cedo desenvolveu um olhar atento e sensível para os detalhes — fossem eles os sulcos de um campo de milho ou os traços de um circuito impresso.
Formado na Escola Industrial e Comercial Narciso do Espírito Santo (EICNES), e mais tarde em Engenharia Eletrónica pela Santa Clara University, nos Estados Unidos, construiu uma carreira sólida na área de hardware e arquitetura de módulos de memória DRAM, liderando equipas e projetos de alto impacto na Micron Technology.
Homem de ciência e de alma, preserva em cada gesto a nobreza do ensino, a disciplina do ofício e a poesia do pensamento. No personagem do Professor Doutor Makalé Utonião, funde as suas vivências técnicas com os ensinamentos dos seus mestres, avós e pais — num testemunho vivo de que a engenharia, quando feita com consciência, é também um ato de humanidade.
Atualmente reside em Middleton, Idaho, onde continua a escrever, orientar jovens talentos e cultivar raízes — no campo, na família e no espírito.
FIM