Um Coração no Horizonte

Esta manhã, a caminho do trabalho, o céu me presenteou com algo inesperado—um momento etéreo suspenso no tempo. Uma nuvem em forma de coração perfeito, iluminada pelo nascer do sol, tomou forma nos céus, como se o universo estivesse enviando uma mensagem silenciosa. Não pude deixar de diminuir o ritmo, meus olhos fixos no brilho dourado que filtrava pelas nuvens, lançando raios de luz sobre a estrada à frente.

Os semáforos piscavam em vermelho, e os carros paravam, mas tudo o que eu via era aquele coração radiante, flutuando suavemente acima das ruas tão conhecidas. Era uma obra-prima passageira, um lembrete fugaz de que a beleza frequentemente nos encontra nos lugares mais comuns—no nosso trajeto diário, em meio ao zumbido da cidade. Os postes de luz e os fios elétricos emolduravam a cena, ancorando-a no cotidiano, enquanto o sol atravessava o centro do coração, dissolvendo as bordas como se estivesse soltando a perfeição, permitindo que ela se dispersasse na suave luz da manhã.

Não pude deixar de pensar que momentos como esses são raros, não apenas no céu, mas na vida. Às vezes, o mundo conspira para nos mostrar que, mesmo na rotina, há espaço para o deslumbramento, para a magia. Quando cheguei ao próximo cruzamento, o coração já começava a se desvanecer, suas bordas suavizando no horizonte, mas a imagem permaneceu comigo—um belo começo para o que seria mais um dia comum e extraordinário.

Oh Coração que o céu me fez sorrir,

No horizonte brilha, em ouro e paz,

A luz se espalha, dissolvendo o que jaz,

Num lampejo que não há de mais partir.

Nos dias simples há de se sentir,

Um toque da beleza que nos traz,

No comum do trânsito, tão fugaz,

Um coração que veio despedir.

E segue o dia, mas fica a visão,

Do brilho e forma pura, singular,

Que o céu pintou na minha direção.

Oh luz que fez meu dia cintilar,

No coração se fez a perfeição,

Num breve adeus, que foi de me encantar.