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Viriato: O Herói de Lusitânia e a Resistência ao Império Romano

12 de out de 2024

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Como descendente orgulhoso de Lusitânia, é com grande honra e paixão que escrevo sobre a gloriosa história dos Lusitanos, um povo que habitou a região que hoje corresponde ao centro de Portugal e partes do oeste da Espanha. Meus avós paternos, José Salvador Chaves, conhecido como “O tio Zé Sapateiro da Beselga”, e Elvira Paixão, nascidos e criados perto do Castelo de Penedono, na região de Viseu, transmitiram-me a riqueza dessa herança e o legado de resistência e bravura que caracteriza a nossa gente.


A Ascensão de Viriato

Entre as figuras mais emblemáticas da história lusitana, destaca-se Viriato, o pastor que se tornou um dos maiores líderes militares da antiguidade. Viriato é celebrado por sua astúcia e capacidade de unificar as tribos lusitanas contra o poder avassalador do Império Romano. Sua ascensão ao papel de líder ocorreu em um contexto de enorme pressão, quando os romanos buscavam consolidar seu domínio sobre a Península Ibérica, e Viriato emergiu como uma figura carismática que não apenas liderou, mas também inspirou seu povo a resistir.


A estátua de Viriato em Viseu é um testemunho perene do respeito e admiração que este herói inspira. Seu legado de líder popular se consolidou pela forma como ele representava não apenas um chefe guerreiro, mas um verdadeiro defensor dos direitos e da liberdade dos Lusitanos frente ao expansionismo romano.


A Resistência Lusitana

A resistência lusitana aos romanos é uma das histórias mais fascinantes da nossa história antiga. Os Lusitanos, sob a liderança de Viriato, utilizaram táticas de guerrilha para enfrentar os exércitos romanos, que eram mais numerosos e melhor equipados. Essas táticas inovadoras foram uma marca da resistência de Viriato, que preferia combates rápidos e emboscadas aos enfrentamentos diretos, aproveitando ao máximo o conhecimento do terreno montanhoso e as condições adversas que muitas vezes jogavam contra os romanos.


Uma das batalhas mais significativas foi a Batalha de Baecula, onde os lusitanos, apesar de estarem em desvantagem numérica, conseguiram infligir grandes perdas aos romanos, prolongando a resistência por vários anos. A habilidade de Viriato em explorar o terreno montanhoso e em usar emboscadas demonstrou a astúcia e o conhecimento profundo da geografia local que ele e seus homens possuíam.


Outra vitória marcante dos lusitanos foi contra o cônsul romano Fábio Máximo Serviliano, que, segundo relatos, foi cercado e forçado a negociar um acordo de paz com Viriato em 140 a.C. O tratado estabelecido garantiu aos lusitanos o direito de permanecer em suas terras e viver em paz, reconhecendo Viriato como “amicus populi Romani” (“amigo do povo romano”), o que demonstrou o respeito que os romanos, mesmo relutantes, passaram a ter por ele.


No entanto, a traição e a diplomacia romana eventualmente mudaram o curso da história. Em vez de vencer Viriato no campo de batalha, os romanos recorreram à traição, subornando três dos homens mais próximos de Viriato – Audax, Ditalco e Minuro – para assassiná-lo enquanto ele dormia. Esta ação covarde marcou o fim da resistência organizada sob Viriato, mas sua lenda e os valores de luta pela liberdade continuaram vivos entre os lusitanos.


Cultura e Tradições

Os Lusitanos partilhavam muitas semelhanças culturais com os Celtas, incluindo um profundo respeito pela natureza e um panteão de deuses que refletiam suas crenças e valores. Práticas religiosas como sacrifícios e rituais eram comuns, e a sociedade era fortemente orientada para a guerra, valorizando a coragem e a habilidade no combate. O papel do druida era central na comunidade, atuando como sacerdote e guia espiritual. Eles realizavam cerimônias em locais naturais, como bosques e montanhas, que eram considerados sagrados e refletiam a conexão dos lusitanos com a terra.


A organização social dos lusitanos baseava-se em clãs liderados por chefes guerreiros, cujos feitos em batalha eram celebrados em canções e festividades que reforçavam o espírito comunitário. As mulheres lusitanas também desempenhavam um papel importante na sociedade, sendo respeitadas e frequentemente participando dos rituais e cerimônias religiosas. A vida cotidiana dos lusitanos girava em torno da agricultura, da criação de gado e do trabalho com metais, especialmente na produção de armas e utensílios, refletindo sua tradição guerreira.


O Legado de Viriato

Viriato não apenas se destaca como um herói militar, mas também como um símbolo de resistência e liberdade. Sua luta contra os romanos não foi apenas uma série de batalhas; foi uma afirmação da identidade e da independência de um povo que recusava ser subjugado. Viriato foi traído por aqueles que estavam ao seu lado, mas sua lenda nunca foi apagada. O eco de sua bravura ressoa até hoje como um lembrete da força e do orgulho lusitano. Seu legado inspira gerações a não se renderem diante da opressão e a valorizar a liberdade acima de tudo.


A história de Viriato influenciou profundamente a forma como a resistência e a luta pela liberdade são vistas em Portugal e em outras regiões de herança lusitana. Ele se tornou um símbolo do patriotismo e da resiliência, e sua imagem foi perpetuada em obras de arte, monumentos e literatura. O "Espírito de Viriato" simboliza a luta contra a injustiça, e sua figura é lembrada como a personificação do guerreiro que protegeu seu povo contra a dominação.


Convido todos a visitarem a região de Viseu, especialmente o Castelo de Penedono, onde as raízes da nossa história ainda florescem. É um local que guarda memórias de um passado glorioso e inspira futuras gerações a valorizar e preservar a nossa rica herança lusitana. A paisagem, as pedras antigas e as lendas contadas pelos mais velhos nos conectam às nossas origens e nos inspiram a seguir em frente com coragem e determinação.


Este artigo é uma homenagem aos meus avós, José Salvador Chaves e Elvira Paixão, e a todos os descendentes de Lusitânia que carregam com orgulho o espírito indomável de Viriato.


Soneto: Viriato, O Invencível Lusitano


Nas terras lusas, entre montes erguido,

Viriato, o bravo, líder altivo,

Com força e astúcia, sempre combativo,

Resistiu ao império, jamais vencido.


De Viseu ao vale, ecoa um gemido,

Dos romanos que, em vão, buscam o ativo,

Lusitano, em seu peito, o fogo vivo,

De um povo livre, nunca subjugado.


Seu nome, lenda e honra, nos inspira,

Na rocha firme, erguido contra o vento,

Como o sol que nasce após a noite escura.


Ó Lusitânia, teu espírito não tira,

O herói que, com coragem e alento,

Eternizou-se em glória, luta e bravura.


FIM


Viriato


12 de out de 2024

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